Lucas relata que, logo depois da anunciação, Maria para a região montanhosa, onde morava sua parenta Isabel, casada com Zacarias (Lc 1,39-40). Isabel estava grávida de João Batista, o que era maravilhoso, pois ambos idade avançada e Isabel era incapaz de ter filhos (1,7). Para os judeus, era triste chegar ao fim da vida sem deixar descendência.
E lá foi Maria, apresadamente. Sim, o amor tem pressa. A solidariedade se move por razões além da mera eficácia. Maria vai encontro de Isabel, porque o "sim" a Deus levava a um "eis-me aqui" dirigindo a uma pessoa humana em necessidade. A raiz da solidariedade não reside em fazer coisas ou dar objetos que sobram, mas sim em fazer-nos próximos, como Jesus conta na parábola do bom samaritano (Lc 10, 29-37). Não foi uma "visitinha" rápida, mas um permanecer na casa de Isabel por 90 dias. Maria é exemplo dos cristãos solidários e missionários.
O que Maria leva para sua parenta? Em primeiro lugar, o contentamento que ela própria recebeu de Deus (1,28). O feto balança de alegria (1,41.44) dentro de Isabel, logo que Maria a saúda. Isabel, cheia do Espírito Santo, proclama: "Bendita é você entre as mulheres e bendito é o fruto do seu ventre" (1,42). Não precisou falar nada. Bastou o encontro, a troca de olhares, o gesto de acolhida. Além disso, as duas compartilharam durante os meses seguintes as alegrias e esperanças de duas mulheres grávidas. Maria ensinou e aprendeu muito com Isabel. E as duas não não estavam sozinhas, pois as famílias judaicas se reuniam como clãs, como muitos parentes em volta. Aconteceu uma "comunidade solidária" de mulheres. Por fim, estes encontro prenuncia a relação futura de João Batista com Jesus e prepara o cântico de louvor entoado por Maria (1,46-55).
A mãe de Jesus nos ensina a beleza e o valor dos encontros e das visitas. Que ela suscite em nós o ardor missionário de quem se faz próximo, para ajudar, compartilhar e aprender, na grande escola da vida.
Irmão Afonso Murad
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