MEDITANDO A PALAVRA DE DEUS
É importante compreender que quando é afirmado que o Espírito "desceu do céu como pomba e permaneceu sobre Jesus" (Jo 1,32) a duração desta permanência não era uma questão de alguns instantes. Era um permanecer no sentido mais pleno da palavra: um permanecer para sempre. O Espírito foi enviado do céu para fazer sua morada em Jesus; poderíamos até dizer que Jesus era o ninho vivo e pessoal onde o Espírito, a pomba, veio pousar. Este "pouso" não constituía uma realidade estática, mas, sim, dinâmica. Desde o momento quando o Espírito desceu do céu e permaneceu sobre Jesus. ele realizava uma obra nele. Qual foi sua obra? A de transformar Jesus de "receptor" do Espírito em "doador" do Espírito. Jesus é feito o "Cristo" - literalmente, o ungido pelo Espírito - precisamente em vista de chegar a ser o "ungidor": aquele que unge os que acreditam nele com o mesmo Espírito, que introduz os que o recebem dentro da própria vida divina. O processo chega ao cume no mistério pascal de Cristo, o mistério de sua morte e ressurreição. Lemos no mesmo Evangelho de João que o último ato da vida mortal de Jesus era o de "entregar o Espírito" (19,30). João gosta de brincar com as palavras e usá-las em várias sentidos ao mesmo tempo. Aqui ele quer afirmar, no nível mais óbvio, que Jesus entregou o seu espírito vital, quer dizer, ele morreu. Mas João também pretende avisar-nos que Jesus fez da hora da sua morte o momento de entregar o divino Espírito que ele tinha recebido no inicio de seu mistério. Jesus não entregou o Espírito no sentido de se desfazer-se dele; como já dissemos, o espírito aos veio sobre ele para permanecer pra valer. Mas por meio de sua morte, Jesus tornou-se capaz de comunicar este Espírito aos seus discípulos, de simultaneamente reter o Espírito para si e partilhá-lo com os seus seguidores. É exatamente isto que Jesus faz no próprio dia de sua ressurreição: Ele entra no cenáculo os discípulos estão reunidos, sopra sobre eles e diz: "Recebei o Espírito Santo" (20,22). Por meio deste soprar. eles viram cristãos - pequenos "Cristos" - homens ungidos com o mesmo Espírito, e aptos agora para dar continuamente missão salvífica de Jesus.
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