A chamada "vida oculta" da família de Nazaré nos diz que os frutos mais saborosos e profundos da vida necessitam de tempo para serem semeados, cultivados e amadurecidos. Além disso, há certos tesouro da vida pessoal que não devem se tornar públicos de nenhuma forma, sob o risco de perder seu encanto.
No Livro O Cotidiano de Maria de Nazaré, Clodovis Boff diz que, na experiência de Maria, o lugar normal do encontro com Divino é justamente o cotidiano. Sua existência, seu rosto e até seu nome não tinham nada de especial no mundo em que vivia: eram comuns a tantas filhas de Israel.
Maria vivia esse cotidiano ordinário de forma extraordinária. Personificava cada evento, perguntando-se, no fundo do coração, o que o Senhor queria lhe dizer. Ela experimentou a própria existência com intensidade máxima: a máxima alegria, em eventos como a visitação e a ressurreição de Jesus, e a máxima dor, em fatos como a perda de Jesus no templo e a morte na cruz.
O Papa Francisco nos diz: "A espiritualidade cristã propõe um crescimento na sobriedade e uma capacidade de se alegrar com pouco. É um regresso à simplicidade que nos permite parar e saborear as pequenas coisas, agradecer as possibilidades que a vida oferece sem nos apegarmos ao que temos nem nos entristecermos por aquilo que nos possuímos. Isso exige evitar a dinâmica do domínio e da mera acumulação de prazeres (...). As pessoas que saboreiam mais e vivem melhor cada momento são aquelas deixam de petiscar aqui e ali, sempre à procura do que não tem, e experimentam o que significa dar apreço a cada pessoa e a cada coisa, aprendem a familiarizar-se com as coisas mais simples e sabem alegrar-se com elas" (LS 222, 223).
Que Maria de Nazaré nos ensine a desenvolver a vida simples, centrada no essencial. Amém.
Irmão Afonso Murad
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